quinta-feira, 30 de julho de 2009

Voltarei a viver

Na incerteza da noite
Na escuridão do céu,
No silêncio das estrelas eu andei.
Procurei algo, um sinal, talvez um caminho.
O caminho.
Nada encontrei.
Busquei,
Bem no fundo da minha alma a resposta,
Como se ao inferno tivesse descido, e nada.
De repente a minha alma se encheu,
O meu espírito ficou leve
E meu fardo parecia menos pesado
O seu cabelo escuro,
A sua face branca como a neve,
Os seus olhos brilhantes, cor de mel.
A sua pele.
As suas mãos, as minhas mãos.
Regozijei-me perante aquele olhar.
Não sei o seu nome, a sua graça, nem nada.
Nada sei sobre aquela estrela trazida pelos céus.
Não importa.
É por aquele olhar que vou continuar a existir, subsistir
E quem sabe, um dia, voltarei a viver.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Leva meu Corpo

Os meus pensamentos são levados pelo vento
A cada segundo, a cada segundo
Voam, voam para bem longe.
Longe do meu entendimento, longe da minha força
Para longe dos sentimentos, das emoções.
Para um lugar escuro onde reina o medo e a solidão
Não sei o nome desse lugar nem o tenciono saber
Mas a tristeza invade minh'alma.
Procuro respostas para as certezas que nunca tive
Certezas que já não são verdades
Busco-me, por entre o cair das folhas do nobre sobreiro
Que me observa a vaguear pelo vazio, cheio de vazio
Silenciosamente procuro-me na maré alta, e na baixa
Nos cheiros e sabores da minha gente
Pelos caminhos que muitas vezes percorri
E percorro, e continuarei a percorrer,
Agora vazio, inundado de um infino vazio
Minh'alma está perdida, mas não sozinha
Com ela está o meu espírito
Os meus pensamentos a ela estão amarrados
De agora em diante o meu corpo não terá sentido.
Não consigo pensar nem amar nem chorar nem,
Nem consigo morrer.
Não consigo morrer.
Será o homem tão fraco, que nem morrer consegue?
Para encontrar minh' alma terei de morrer
Para me salvar terei de morrer
Oh vida cruel que os teus filhos levas sem pedires licença
Que lhes roubas o sentido daquilo a que chamam vida
És cruel e rude.
Vida madrasta
Leva-me.
Tira-me este sufoco, esta angustia
Acaba o trabalho que há muito começaste
Leva meu corpo. Leva meu corpo.

Lembrei o homem

Lembrei o homemAlinhar ao centro
Olhei em direcção ao mar:
Vi o ondular da maré,
Rochas isoladas,
Perdidas no oceano.
Lembrei o Homem!
Escutei o vento:
Ouvi o seu bramido,
Corria sem direcção.
Sem destino.
Lembrei o Homem!
Olhei o chão:
Vi uma cigarra,
Procurando alimento fácil.
Morreu de fome!
Lembrei o Homem!

Quem sou eu?




Quem sou eu?


Mas afinal quem sou eu?


Um dia quis saber quem sou eu.


Nunca o soube. Não o sei. Nem saberei.


Perguntei quem eu era,Negrito


Ninguém me respondeu.


Criei um novo eu!


Hoje sou diferente daquilo que fui.


Que fui? Como? Se eu nunca havia sido nada?


Pertinente ou não, esta dúvida me assolou.


Tenho um novo eu, este eu também não existe:


Não tem nome,


Não é pessoa,


Não tem alma,


Não tem vida,


Tal como eu.


Este eu será meu?


Este eu serei mesmo eu?


O eu que tanto busquei sou eu.


E se eu não tenho eu


O meu eu não é meu


Porque não é eu.


Mas afinal quem sou eu?