quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Alto aí e pára o baile !

Pareceu-me que o tempo havia parado,
Como se tudo em nosso redor não tivesse vida.
As árvores, os rios.
Os mares e os amores entre mares e marinheiros.
Era como se a chuva caísse e não molhasse,
Como se o sol secasse aquilo que a chuva não molhasse.
Dasse.
Pareceu-me. Ou então era real.
O mundo parou. Nunca mais rodou.
Nem balançou com os tremores. Os meus tremores.
E temores. De amores. De paixão.
Ou de sono, quando caio da cama.
Com o meu peso o chão estremece.
Não que seja gordo, mas o chão é fracote.
Enfim, uma panóplia (…)
E agora façamos uma pausa.
Panóplia? Gosto muito desta palavra.
De emoções que ocorreram, de sonhos sonhados
E sonhos comidos trazidos pela minha tia.
Enfim.
Pareceu-me que o tempo havia parado,
Mas estava equivocado.
E finalmente percebi.
O Relógio ficou sem pilha.
Vou levá-lo ao relojoeiro.
E levei.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Longe, bem longe !

Diz-me,
O que procuras?
Com esse olhar de amêndoa.
Seguro, Sereno,
Sombrio.
Profundo como o mar.
Que vai pousando:
Num pálido penedo.
Num penhasco.
Que é parapeito do meu olhar.
Diz-me,
O que procuras?
Com esse olhar moribundo,
Vagabundo.
Talvez profundo.
Que me alcança o coração
E me penetra a alma.
Devia me acalmar?
Não me acalma.
Diz-me,
O que procuras?
Com esse olhar cego
Que o próprio cego não pode ver.
E eu também não.
Diz-me,
O que procuras?
Procuras, mas nada vês.
Nada sentes. Nada queres.
Nada tens.
Diz-me,
Porque me procuras?
Não estou aí.
Estou aqui.
Longe, bem longe.
Onde sempre irei estar.
Longe, bem longe.
“Estou aqui !”
Eu também estou:
Longe, bem longe!